O curso se propõe a compreender a expressão “corpo fechado”, que é utilizada em contexto de terreiros de Candomblé, Umbanda, Omolokô e demais tradições religiosas de matrizes africanas, como uma dinâmica que não suprime a vulnerabilidade corpórea, porém potencializa modos político-existenciais de regulação das relações humanas em meios aos quais a exposição às alteridades e ao mundo não deixa a vulnerabilidade se transformar em precariedade. Trata-se de uma arte de viver que poder-se-ia entender como estética da reexistência, uma vez que exercida em contexto histórico no qual a alteridade se apresenta também como índice de violência.

Para dar conta dessa expressão – corpo fechado –, que será considerada um conceito ao longo do curso, iremos tematizar alguns afetos que permitem compreender como o corpo fechado afina o ser humano consigo, com outrem e com o mundo, além de tematizarmos a religiosidade dos malandros e malandras das macumbas e a noção de saúde entendida como modo ambivalente de ser: por um lado, a saúde se revela na abertura às alteridades e `mundanidade (ou mundanidades), por outro, como arte de se fechar para a violência à qual estamos ontologicamente expostos/as. Daí o paradigma do Tranca-Ruas das macumbas poder ser utilizado como símbolo da saúde a ser estudada neste curso.

Não há qualquer pré-requisito para a realização do curso.