Leituras Fenomenológicas de Ser e Tempo - da angústia à verdade

Prof. Dr. Marco Casanova
1º Semestre de 2023
Modalidade: gravação em vídeo
Duração: 12 aulas de 1h40 cada, totalizando 24 horas/aula
Ser e Tempo é certamente uma das obras mais importantes, senão a mais importante do século XX. Reunindo em si as tradições da fenomenologia, da hermenêutica e da filosofia da existência, Heidegger empreende na obra algo que funciona ao mesmo tempo como uma resposta contemporânea ao problema da verdade, na mesma medida em que acentua a impossibilidade de se escapar, na consideração de tal problema, da historicidade que acompanha tudo o que é e pode ser. A obra, assim, nos fala a princípio de nossa absorção em uma capa de preconceitos historicamente constituída, assim como nos remete para uma experiência existencial capaz de promover o aparecimento de um campo de liberdade em relação a tal absorção.
Com isso, alcançamos por um lado a possibilidade de compreender o quanto nossos comportamentos em geral são estruturados de maneira normativa pela tradição sedimentada faticamente no mundo que nos circunda, enquanto descobrimos a possibilidade, por outro, de encontrar em nossa nadidade estrutural um fator de mobilização da própria historicidade. Nesse semestre, prosseguiremos nossas leituras fenomenológicas de Ser e tempo na direção dos parágrafos de conclusão da análise dos existenciais constitutivos de nosso modo de ser-em, ou seja, proposição como modo derivado da interpretação e discurso, além de nos atermos à descrição subsequente dos comportamentos cotidianos e da decadência. Ao fim de nosso percurso durante o curso, a ideia é estarmos aptos a discutir a tonalidade afetiva fundamental da angústia em relação com o cuidado enquanto modo de ser do existente humano. Não há qualquer pré-requisito para a participação no curso.
Conteúdo programático:
A decadência como o ponto de culminação da analítica do cotidiano
O problema da totalidade do todo estrutural como o problema da unidade dos existenciais: indicação formal e concretização existencial do ser-aí
Tonalidades afetivas cotidianas e fundamentais: para uma filosofia das atmosferas e para um questionamento radical das possibilidades de transformação do existir
Temor e angústia: decadência como fuga de si e o primado da estrangeiridade sobre a familiaridade na existência
Angústia e suspensão de sentido: a confrontação do ser-aí com o nada, a transitoriedade, a indeterminação ontológica originária, a estrangeiridade, a estranheza. Angústia como insignificância do mundo e confrontação com o caráter situativo da existência
Angústia como ponto de inflexão: ser-no-mundo e historicidade. O tempo como base de toda e qualquer transformação do campo histórico
Cuidado e unificação originária dos existenciais - A estrutura formal do cuidado e seu papel central na arquitetônica de Ser e tempo
Cuidado como mais originário do que querer, instinto, impulso e vontade. Análise do mito da cura
O problema da realidade do mundo exterior - a questão da demonstrabilidade da subsistência do mundo exterior e seus contrassensos
Realidade e cuidado: a implosão fenomenológica do problema da realidade
A verdade como o caráter propriamente dito da existência
Verdade como desvelamento: os dilemas da verdade; a possibilidade da verdade em meio aos preconceitos - para uma nova compreensão da fenomenologia
Referências bibliográficas:
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Tradução e notas: Fausto Castilho. Campinas, São Paulo: Ed. Unicamp/Vozes, 2012.
HUSSERL, E. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. São Paulo: Ideias & Letras. 2006.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. 4ª ed. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
FOUCAULT M. (1989). La peinture de Manet. Revue des Sciences Humaines: Les Cahiers de Tunisie, 39(149-150), 61-89. (Tradução disponível como: SCACHETTI, R. E. A pintura de Manet. Visualidades, Goiânia, v. 9, n. 1, 2012. Disponível em: https://revistas.ufg.br/VISUAL/article/view/18381. Acesso em: 23 mar. 2023.)
ARENDT, HANNAH. Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das letras, 2013.
SCHURMANM, REINER. El principio de anarquía : Heidegger y el problema del actua. Traduzido por Miguel Lancho. Editora Arena Libros S.L., 2017.
HEIDEGGER, Martin. Seminários de Zollikon, Tradução e notas: Marco Antonio Casanova. São Paulo: Via Verita Ed. 2021.
RICOEUR, Paul et al. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994.
HEIDEGGER, Martin. A essência da liberdade humana. Tradução e notas: Marco Antonio Casanova. São Paulo: Via Verita Ed. 2012.
HEIDEGGER, Martin. "O que é metafísica". In: ___, Marcas do Caminho. Traduzido por Enio Paulo Giachini. Editora Vozes, 2008.
Leituras Fenomenológicas de Ser e Tempo - da angústia à verdade

Prof. Dr. Marco Casanova
1º Semestre de 2023
Modalidade: gravação em vídeo
Duração: 12 aulas de 1h40 cada, totalizando 24 horas/aula
Ser e Tempo é certamente uma das obras mais importantes, senão a mais importante do século XX. Reunindo em si as tradições da fenomenologia, da hermenêutica e da filosofia da existência, Heidegger empreende na obra algo que funciona ao mesmo tempo como uma resposta contemporânea ao problema da verdade, na mesma medida em que acentua a impossibilidade de se escapar, na consideração de tal problema, da historicidade que acompanha tudo o que é e pode ser. A obra, assim, nos fala a princípio de nossa absorção em uma capa de preconceitos historicamente constituída, assim como nos remete para uma experiência existencial capaz de promover o aparecimento de um campo de liberdade em relação a tal absorção.
Com isso, alcançamos por um lado a possibilidade de compreender o quanto nossos comportamentos em geral são estruturados de maneira normativa pela tradição sedimentada faticamente no mundo que nos circunda, enquanto descobrimos a possibilidade, por outro, de encontrar em nossa nadidade estrutural um fator de mobilização da própria historicidade. Nesse semestre, prosseguiremos nossas leituras fenomenológicas de Ser e tempo na direção dos parágrafos de conclusão da análise dos existenciais constitutivos de nosso modo de ser-em, ou seja, proposição como modo derivado da interpretação e discurso, além de nos atermos à descrição subsequente dos comportamentos cotidianos e da decadência. Ao fim de nosso percurso durante o curso, a ideia é estarmos aptos a discutir a tonalidade afetiva fundamental da angústia em relação com o cuidado enquanto modo de ser do existente humano. Não há qualquer pré-requisito para a participação no curso.
Conteúdo programático:
A decadência como o ponto de culminação da analítica do cotidiano
O problema da totalidade do todo estrutural como o problema da unidade dos existenciais: indicação formal e concretização existencial do ser-aí
Tonalidades afetivas cotidianas e fundamentais: para uma filosofia das atmosferas e para um questionamento radical das possibilidades de transformação do existir
Temor e angústia: decadência como fuga de si e o primado da estrangeiridade sobre a familiaridade na existência
Angústia e suspensão de sentido: a confrontação do ser-aí com o nada, a transitoriedade, a indeterminação ontológica originária, a estrangeiridade, a estranheza. Angústia como insignificância do mundo e confrontação com o caráter situativo da existência
Angústia como ponto de inflexão: ser-no-mundo e historicidade. O tempo como base de toda e qualquer transformação do campo histórico
Cuidado e unificação originária dos existenciais - A estrutura formal do cuidado e seu papel central na arquitetônica de Ser e tempo
Cuidado como mais originário do que querer, instinto, impulso e vontade. Análise do mito da cura
O problema da realidade do mundo exterior - a questão da demonstrabilidade da subsistência do mundo exterior e seus contrassensos
Realidade e cuidado: a implosão fenomenológica do problema da realidade
A verdade como o caráter propriamente dito da existência
Verdade como desvelamento: os dilemas da verdade; a possibilidade da verdade em meio aos preconceitos - para uma nova compreensão da fenomenologia
Referências bibliográficas:
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Tradução e notas: Fausto Castilho. Campinas, São Paulo: Ed. Unicamp/Vozes, 2012.
HUSSERL, E. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. São Paulo: Ideias & Letras. 2006.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. 4ª ed. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
FOUCAULT M. (1989). La peinture de Manet. Revue des Sciences Humaines: Les Cahiers de Tunisie, 39(149-150), 61-89. (Tradução disponível como: SCACHETTI, R. E. A pintura de Manet. Visualidades, Goiânia, v. 9, n. 1, 2012. Disponível em: https://revistas.ufg.br/VISUAL/article/view/18381. Acesso em: 23 mar. 2023.)
ARENDT, HANNAH. Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das letras, 2013.
SCHURMANM, REINER. El principio de anarquía : Heidegger y el problema del actua. Traduzido por Miguel Lancho. Editora Arena Libros S.L., 2017.
HEIDEGGER, Martin. Seminários de Zollikon, Tradução e notas: Marco Antonio Casanova. São Paulo: Via Verita Ed. 2021.
RICOEUR, Paul et al. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994.
HEIDEGGER, Martin. A essência da liberdade humana. Tradução e notas: Marco Antonio Casanova. São Paulo: Via Verita Ed. 2012.
HEIDEGGER, Martin. "O que é metafísica". In: ___, Marcas do Caminho. Traduzido por Enio Paulo Giachini. Editora Vozes, 2008.

Marco Casanova é doutor em filosofia pela UFRJ/Universidade de Tübingen, Pós-doutorado – Universidade de Freiburg, Professor Adjunto do Departamento de Filosofia da UERJ, Presidente da Sociedade Brasileira de Fenomenologia, Autor de O instante extraordinário: Vida, história e valor na obra de Friedrich Nietzsche (2003), Nada a caminho: Impessoalidade, niilismo e técnica no pensamento de Martin Heidegger (2006), Compreender Heidegger (2009) e A eternidade frágil: Ensaio sobre temporalidade na arte (2013), A falta que Marx nos faz (2017), Mundo e historicidade 1 e 2: Leituras fenomenológicas de Ser e tempo – Existência e mundaneidade (2017) e Tempo e historicidade (2020), A persistência da burrice (2020), além de tradutor de um grande conjunto de obras de pensadores alemães como Martin Heidegger, Max Scheler, Friedrich Nietzsche, Wilhelm Dilthey entre outros.