Cursos Livres
2023 - 1º Semestre
Fenomenologia da Inclusividade - Peter Sloterdijk e as Esferas
A obra de Sloterdijk é ainda pouco conhecida no Brasil e mesmo nos círculos heideggerianos se desconhece a contribuição do principal herdeiro de Heidegger na Alemanha. A recepção sloterdijkiana é rica e cheia de nuances. Ele é um herdeiro heterodoxo que, mantendo o pensar no mesmo patamar do mestre, o corrige é desafia de maneira decisiva.
Introdução ao Pensamento Filosófico
Dividido em duas partes, este curso visa investigar temas e autores relevantes à construção de uma História da Filosofia. Partindo de pressupostos hermenêuticos, como a apropriação de problemas e temáticas tendo em vista o pertencimento de cada autor(a) a uma história do próprio pensamento, partiremos do registro grego do nascimento da filosofia – marco de nossa cultura ocidental – para investigar as questões mais recorrentes no decorrer do pensamento filosófico de referencial europeu e ocidental.
Fundamentos da Psicologia Fenomenológica e Hermenêutica
O curso tem como objetivo explicitar os fundamentos da psicologia hermenêutico-fenomenológica proposta por Ludwig Binswanger e Medard Boss. Num primeiro momento será estudada a descrição de Martin Heidegger sobre o ser do homem a partir do termo Dasein (ser-aí), conforme apresentada em Ser e tempo. Essa temática abre espaço para o entendimento dos principais conceitos da psicologia fenomenológica e hermenêutica que serão expostos na segunda parte do curso a partir de textos dos autores citados acima. Ao mesmo tempo, serão incorporados à discussão outros pensadores que produziram conhecimento nessa área, de modo a esclarecer os pontos levantados e acompanhar o desenvolvimento desse campo de atuação.
Leituras Fenomenológicas de Ser e Tempo - da angústia à verdade
Ser e Tempo é certamente uma das obras mais importantes, senão a mais importante do século XX. Reunindo em si as tradições da fenomenologia, da hermenêutica e da filosofia da existência, Heidegger empreende na obra algo que funciona ao mesmo tempo como uma resposta contemporânea ao problema da verdade, na mesma medida em que acentua a impossibilidade de se escapar, na consideração de tal problema, da historicidade que acompanha tudo o que é e pode ser. A obra, assim, nos fala a princípio de nossa absorção em uma capa de preconceitos historicamente constituída, assim como nos remete para uma experiência existencial capaz de promover o aparecimento de um campo de liberdade em relação a tal absorção.
Sofrimento e Clínica - o olhar de Alice Holzhey-Kunz para a existência humana
Pensar o sofrimento humano de uma maneira diversa do discurso técnico-cientificista é uma tarefa árdua para a qual sempre se colocou a serviço toda a tradição da Psicologia, Psiquiatria e Psicopatologia fundamentada nos pensamentos fenomenológico, hermenêutico e existencial. Por mais que possamos considerar alguns avanços nesse sentido, muitas vezes as propostas colocadas se mostraram de algum modo comprometidas com o discurso médico que interpreta o sofrimento “mental” como “doença” e, portanto, como um desvio negativo da “saúde”.
Intimidade como Método Clínico
A investigação que marca o ponto de partida desse curso é a tese de doutorado que defendi em 2019 em Évora, Portugal e que ganhou, recentemente, formato de livro. Não se trata de algo como uma nova proposta metodológica em psicoterapia, mas de uma leitura da Psicologia de orientação fenomenológica e hermenêutica, abordagem fundamentada pelo pensamento do filósofo Martin Heidegger, a partir do existencial ser-com. O curso foi pensado para abordar do modo mais direto possível o manejo clínico em psicoterapia, a lida com os pacientes. Mais do que apresentar uma estrutura de formato eminentemente teórico, marcado por aulas expositivas, o curso irá convidar o grupo de alunos a pôr-se à obra da investigação dos temas e reflexões propostas encontro a encontro.
Existência e Transitoriedade -perspectivas clínicas
Existência e transitoriedade é uma obra pensada a partir da necessidade de se romper com os paradigmas vigentes de compreensão dos transtornos existenciais na psicologia, na psiquiatria e na psicanálise, paradigmas esses marcados antes de tudo pelo primado da subjetividade enquanto elemento de estruturação de todas as nossas experiências em geral. Partindo de uma pergunta acerca do modo de ser do ente humano, o livro expõe a transitoriedade como o caráter originário de todas as nossas possibilidades de ser, na mesma medida em que descreve a identidade como um fenômeno derivado e restritivo, oriundo de formas de organização do espaço, do tempo e do corpo.
Intermundaneidades - sobre sonhos, corpos trans e cosmopolíticas
A proposta central do curso é a de caracterizar e operacionalizar o conceito de intermundaneidade na interpretação de três experiências múltiplas e difusas: os sonhos, os corpos trans e as cosmopolíticas. Por intermundaneidade, entendemos a ideia segundo a qual a experiência de mundo sempre vem atravessada e condicionada por uma diversidade de mundaneidade humanas e não humanas. Por esse motivo, o mundo não se identifica com a abertura do ente na totalidade, tampouco como certa figura epocal do ser, como quis Heidegger. A mundaneidade é sempre intersecção de uma heterogeneidade de campos de significação, sejam eles terrenos (Terra) e irredutíveis aos mundos históricos humanos, sejam os mundos humanos, também condicionados pelas mundaneidades compostas pelas ancestralidades.
Arte, Verdade e Psicoterapia no Pensamento de Martin Heidegger
O intuito primordial do presente curso é investigar em primeiro lugar o lugar da arte no pensamento heideggeriano no período posterior à viragem. Partindo antes de tudo de dois momentos específicos, quais sejam, as diversas versões do texto “A origem da obra de arte” e o opúsculo “A arte e o espaço”, nosso primeiro objetivo é explicitar as modulações da compreensão heideggeriana das relações entre arte e verdade. Em meio à análise desses dois momentos, pretendemos evidenciar antes de tudo o quanto Heidegger oscila entre uma visão histórico-epocal e uma visão fenomenológico-hermenêutica da obra de arte. Esse primeiro momento abrirá a possibilidade de pensar não apenas as ligações entre arte e acontecimento histórico, mas também entre arte e existência. Nesse campo, então, procuraremos instaurar um vínculo possível com a terapia enquanto abertura para os dilemas do existir no tempo.
Leituras Decoloniais de Heidegger - entre subontologias fundamentais e ecofenomenologia das sabedorias ancestrais
O curso propõe ensaiar leituras decoloniais do pensamento heideggeriano. Para tanto, será preciso considerar, inicialmente, algumas críticas decoloniais ao pensamento de Heidegger, sobretudo as leituras realizadas por Marco Antônio Valentin e Nelson Maldonado-Torres da questão ontológica e seu pretenso acesso ao em-si do ser dos entes. Em seguida, devemos considerar o sentido hermenêutico do pensamento decolonial. Então, em um último momento, nos aproximaremos de modo decolonial de alguns temas e questões presentes na ontologia fundamental de Ser e tempo e no pensamento tardio de Heidegger. Nesse momento, devemos esgarçar, alargar, dilatar a relação entre a condição humana e os múltiplos sentidos do ser, ainda que para isso o sentido ocidental e eurocentrado de muitas abordagens de Heidegger seja propositalmente desrespeitado. Eis o sentido deste curso.